Por que era necessário derramar sangue?

Essa pergunta pode parecer um pouco confrontadora, especialmente à luz dos valores humanos modernos, mas se remete à prática religiosa antiga de fazer sacrifícios de animais a Deus. É difícil para nós hoje compreender e aceitar esse tipo de prática, mas quando nós mergulhamos um pouco na história e na cultura do povo hebreu, é possível compreender o sentido e o significado dessas práticas.

No Livro de Levítico é possível encontrar instruções detalhadas sobre como sacrificar animais e qual a importância desses sacrifícios. A justificativa principal é, de fato, a expiação dos pecados. É uma prática que, a princípio, pode parecer violenta e até mesmo sem sentido. Então, por que era necessário derramar sangue?

O sacrifício no antigo Testamento

O sacrifício de animais, especialmente cordeiros ou bezerros, era uma prática comum no mundo antigo. Contudo, a sua execução entre os judeus era de cunho religioso, e era realizada no Templo. A prática estava fundamentada na ideia de que a justiça requer a punição pelo erro, e que essa punição deveria recair sobre algo ou alguém. Assim, era derramado o sangue dos animais, como um substituto do pecador, que deveria ser punido. Esse conceito de transferência do pecado para outro é corrente mesmo nas culturas pagãs contemporâneas ao povo hebreu.

O livro de Levítico especifica que o animal deveria estar sem mácula (Levítico 3:1, 4:3), para que agradasse a Deus e fosse aceito como expiação pelo sacrifício. A prática judaica tinha essa frequência para fornecer uma regularidade de expiação pelo povo.

Um dia para expiar

O Dia da Expiação, também conhecido como Yom Kipur, era um dia sagrado para o povo hebreu. A data, instituída por Deus, ocorria uma vez por ano e era um momento de purificação e de arrependimento (Levítico 23:26-32). O povo deveria se humilhar, jejuar e se abster de qualquer trabalho. No Dia da Expiação funcionava um ritual específico que envolvia o ofício do sumo sacerdote e do sacrifício de animais específicos. O sangue desse sacrifício era levado para dentro do templo e aspergido sobre o propiciatório, que era uma cobertura do Arca da Aliança. Essa prática era vista como uma forma de redenção dos pecados, que tradicionalmente trazia a desgraça ao povo escolhido.

O resgate da alma

Hoje nós não compreendemos muito bem esse conceito, ainda que ele aprece em muitas filosofias religiosas orientais. Na tradição hebraica, o sangue do animal era considerado sagrado, e o fato de derramá-lo era uma forma de restabelecer a relação entre Deus e o povo escolhido. Sem o sangue da vítima, não haveria a redenção, nem a purificação do pecado.

Ao se olhar para essa prática tão antiga, é possível pensar que a mensagem fundamental é que é preciso ter um arrependimento profundo e que, desta maneira, a consciência da culpa conscientiza o devedor de que é ele o responsável pelo castigo que o sacrifício impõe ao animal inocente. Estes conceitos continuam muito vigentes até hoje, especialmente nas igrejas cristãs. Infelizmente, o sacrifício do cordeiro ou do bezerro não tem mais possibilidade de ser realizado como na época do Antigo Testamento. Após Jesus ter morrido na cruz, tornou-se impossível uma prática dessas. Apóstolos e escritores do Novo Testamento elogiam Jesus como o único sacrifício de sangue aceitável, aquele que se entregou para redimir os pecadores. Para além das práticas religiosas do passado, o mais importante é percebermos que o sacrifício de Jesus é o ponto central da nossa redenção.

Ainda que nos tempos modernos possa parecer um pouco arcaico, a prática do derramamento do sangue dos animais tinha uma razão profunda de ser. Era vista como uma forma de purificação dos pecados e de restabelecimento do relacionamento entre o povo hebreu e Deus. É preciso lembrar, no entanto, que hoje, com as mudanças trazidas pela história da humanidade, essa prática já não faz mais sentido. O sacrifício de Jesus é a única forma de redenção possível, e ela é obtida pela fé e pelo arrependimento dos pecados. Portanto a luz da Palavra de Deus, é necessário fazer de nossas vidas o altar pelo sacrifício de Jesus, meditando nos ensinamentos da Bíblia sagrada todos os dias.

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